domingo, 14 de junho de 2009

Marinharia

Nós que trançam tramas, sonhos, trapaças, destinos.
Não quero cabos ou amarras.
Quero tuas mãos hábeis nos meus cabelos.

Nós que somos nó embaixo da mesa,
embaixo dos panos, embaixo de tudo,
baixo.
Balde chutado escada abaixo!
Nós que seguram na medida tênue da segurança da vela,
estufa o peito, arde!

Andrada abre os braços dos teus mares!
Salta pois que o abismo é certo, como é farto o colo da sereia.
Nós e a arte de ser nós.
Nós e a alma inquieta e louca que sai na rua bêbada de mar,
e rota de poesia.

Nós e certo calor, que vêm sei lá de qual tormenta?!
Nós, apenas nós, silenciosos nós e a vastidão do tempo que tarda.
Nós e qualquer nota tirada de uma viola embriagada, nós.
Nós e um verso falso jogado a esmo,
largado ao léu, um verso torto, dito de supetão e de revés,
um verso que não deveria ter sido achado, uma sentença.

Somos nós, sinto muito. Somos nós, demasiado nós!

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