domingo, 10 de maio de 2009

Ishmael e a Caça a Reyna (ou Moby Dick do século XXI)

Parte I

Prólogo: Taverna Magella´s, 6:00pm. Marinheiros bebendo e conversando nas mesas; algumas meretrizes buscando ganhar o pão; entra então um grupo pequeno e senta-se na única mesa disponível, onde já existe um ocupante... acomodaram-se e de bate-pronto ele começa a falar, como se precisasse compartilhar um segredo há tempos...
Primeiro Ato: Meu nome é Ishmael. Pode me tratar assim. Acabo de chegar das terras do Norte, trazendo ainda um pouco de vento frio em minhas narinas. Sou baleeiro, aye! e minha vida é caçar baleias: cachalotes, orcas, baleias-francas, jubartes, todas as gigantes do mar. Sim, só vou atrás das incomensuráveis, pois só elas podem me dar sustento existencial; só elas refletem o tamanho do espírito humano que carrego comigo; só elas podem espelhar o tamanho do coração de um poeta. Trago em minha mão esquerda um afiado arpão com o qual lutei bravamente no dia 04/04/2009... um dia memorável. Aye! E além do cheiro de mar e do corpo cansado, trago uma grande história que se vocês quiserem, não me importo de contar... Saí da Terra Brasilis há duas semanas, voando em um pássaro de aço fantástico em busca do meu destino: caçar o Leviatã Moby Dick. Já ouviram falar dele? Esta criatura descomunal, maior que o Hospital Clementino Fraga Filho, jamais havia sido vista ou caçada por nenhum membro da Casa FM de valorosos baleeiros. Tomei o desafio para mim de perseguir a fera, pois estava cansado de alguns ridículos pescadores de sardinha travestidos de ´´Grandes Caçadores do Mar`` e suas lorotas fétidas. Eram poucos mas barulhentos, e sobretudo não sabiam o quão mesquinhos e pequenos eram: não tinham interesses ou sonhos maiores que eles mesmos e - vejam só! - as víboras caçoavam daqueles que eram ligeiramente diferentes da imagem esquizofrênica que viam todo dia no espelho. “Narciso acha feio tudo aquilo que não é espelho”, diz o ditado da música popular... Moby Dick era sonho, mas também recompensa. Nas praças públicas e mercados, havia um preço de 50.000 xelins pelo monstro. E eu precisava sobreviver. Precisava pagar meu sustento diário e pagar também minhas aspirações de adentrar na Escola de Sagres (hoje chamada New York University), onde gostaria de aprender tudo sobre Global Public Health e suas relações com a vida no mar. Havia também um fundo material no meu atiramento em busca de Moby Dick, não posso ser hipócrita; mas também havia muito prestígio em jogo, a capacidade de arranjar trabalho em qualquer embarcação no ramo de empreendedorismo social/saúde pública, e a promessa de uma vida plena de significado. Apelidei M.D. de Catherine B. Reynolds Foundation - ou simplesmente Reyna - pois me pareceu um nome mais carinhoso e atraente. Não curto Moby e muito menos Dick, diga-se de passagem, e nós marinheiros temos essa tendência de chamar nossos objetivos por mulheres: é a nossa maneira de estar sempre a perseguir nossos mais selvagens sonhos! Suspeitava-se que Reyna estava no Atlântico Norte, próximo a Manhattan, e sem pestanejar fui em sua caça. Fui preparado, é claro: tinha dentro da cabeça uma idéia chamada ´´Luz, Câmera... Ação em Saúde!``, desenvolvida no porto belo de Piraí em parceria com o LADEC/IGEO e com o LVE/NUTES, portos da ilha do fundão. Esta idéia aprimorava a Saúde Pública de maneira inovadora e barata, reproduzível em larga escala, sustentável, enfim: uma idéia bacana! Daquela idéia danada de boa, fiz com amigos um arpão afiado de 5 m de comprimento chamado AQUARIUS e outro mais afiado ainda (até difícil de empunhar), medindo 7 m de comprimento, chamado PRÍNCIPES E PRINCESAS TUPINIQUINS. Armas perfeitas para a hora do combate com Reyna! Sem medo da morte, embarquei no pássaro de aço American Airlines e fui, sem saber o que iria encontrar...

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